O Samba Pra Gente já pode ser considerado hoje em dia um dos grupos mais famosos do gênero no Rio de Janeiro. Porém, pouca gente sabe que o quinteto surgiu a partir de sucessivos fatos casuais. Quando se reuniram para tocar pela primeira vez, os amigos Jorgynho Chinna (voz, manutenção e cordas), Leleco (tan tan), Sabugo (surdo de marcação), Marreta (pandeiro) e Rogério Barros (voz e repique) não pretendiam seguir carreira profissional como músicos.
Muito pelo contrário. A roda de samba formada naquela fatídica tarde de domingo em 2007 serviria apenas para celebrar a inauguração do bar de Leleco, no bairro carioca de Lins de Vasconcelos. Mas os passantes gostaram tanto da música que ouviram, que forçaram os músicos a se reunirem todo fim de semana no mesmo local. “O bar, na verdade, era um cubículo. Só tinha um balcão. Mas a calçada à frente era bem extensa e então eu espalhava cerca de 120 mesas por lá. Muitas vezes conseguia receber até 1,2 mil pessoas a cada domingo. Isso chamou a atenção da cena sambista carioca – que começou a comparecer nas apresentações – e da prefeitura, que nos multou algumas vezes porque nossos clientes obstruíam a rua”, rememora com bom humor. “Todos esses fatos foram primordiais para que começássemos a ficar famosos no Rio”, completa Leleco.
Entre esses ilustres convidados que apareciam no Bar da Gente, estavam Arlindo Cruz, Bira Presidente, Almir Guineto e Leandro Sapucahy. Aliás, o jovem produtor foi quem convidou o grupo para se apresentar no Olímpico Clube, em Copacabana. “Fizemos uma temporada lá, sempre contando com a participação e apadrinhamento do Sapucahy. Com o sucesso dessa empreitada, resolvemos gravar um disco independente, produzido pelo Nene Chamma”, explica.
E apesar de grupos de samba quase sempre precisarem do respaldo de uma grande gravadora para atingirem o sucesso, com o Samba Pra Gente – pra variar – foi diferente. Por meio do contato que tinham com artistas do mainstream, logo a banda conseguiu emplacar músicas na rádio carioca O Dia e o disco começou a esgotar nas bancas montadas em seus próprios shows.
Profissionalização – Enxergando o potencial do grupo, os empresários Sergio Pitta e João Robero, da Agitt Produções, se ofereceram para gerenciar a carreira do Samba Pra Gente. Convite aceito, em seguida a produtora firmou uma parceria com a gravadora EMI, que se transformou em sócia da Agitt no grupo. “Dessa maneira, a major não se envolverá só na distribuição de discos e divulgação, mas também na comercialização de shows. É um projeto 360º. Aliás, o segundo da história da EMI. Antes, apenas o cantor Bebeto havia sido contratado nas mesmas condições”, recorda Pitta, que é responsável por apresentar à gravadora artistas interessados em trabalhar nesses moldes.
Segundo o empresário, a ideia é expandir a zona de atuação do grupo. Conhecido prioritariamente no Rio, o Samba Pra Gente está de malas prontas para excursionar por São Paulo, estado com maior público e número de casas de pagode em todo o país. “Outros locais importantes para atingir o sucesso são Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. Obter o sucesso nesses estados, para o samba, é como conquistar o Brasil todo”, comenta Pitta.
Na sequência dessa turnê, o grupo gravará o primeiro DVD em julho ou agosto. O local ainda não está definido. Enquanto isso, o Samba Pra Gente vem desenvolvendo outros projetos para divulgar seu trabalho. O mais emblemático foi o bloco de carnaval Samba, Amor e Paixão, montado em parceria com Ronaldinho Gaúcho faltando apenas 18 dias para os festejos desse ano. “Apesar disso, a ideia foi um sucesso. 43 mil pessoas nos acompanharam pelas ruas da Barra da Tijuca”, relembra Leleco.
A brincadeira ficou séria e a partir de maio o Samba Pra Gente promoverá ensaios mensais com a intenção de se preparar para o Carnaval do ano que vem. Em cada evento, um grande nome do samba será convidado para a roda de samba do bloco. (Por Helder Maldonado)
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